quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Centros privados de hemodiálise zangados com Governo

A partir de Janeiro, o Ministério da Saúde vai passar a pagar menos dois por cento às empresas privadas pelos tratamentos de hemodiálise a doentes crónicos em ambulatório, de acordo com um despacho do secretário de Estado da Saúde, Óscar Gaspar, publicado ontem em Diário da República. O preço compreensivo - preço global por semana e por doente, que passa a incluir os acessos vasculares - para tratamentos de hemodiálise está agora fixado em 537,25 euros, em vez dos actuais 547,94. De fora "ficaram apenas os transportes", refere José Guilharde, presidente da Fundação Renal Portuguesa (FRP), estimando que dos "300 milhões de euros que o Estado gasta por ano com a hemodiálise, mais de 40 por cento são despendidos precisamente nos transportes". A redução do preço compreensivo foi recebida com grande surpresa pela Anadial (Associação Nacional de Centros de Diálise), cujo presidente, Ricardo da Silva, acusa o secretário de Estado de se estar a imiscuir na gestão das empresas privadas. "É a primeira vez em 20 anos que um secretário de Estado tenta impor regras ao sector privado, o qual não tutela", insurge-se. Em declarações ao PÚBLICO, o presidente da Anadial acusa Gaspar de ter encerrado as negociações, sem ter em conta as contrapartidas das empresas prestadoras. "Ficámos espantados porque ainda na sexta-feira trocámos emails com o assessor que o acompanha neste processo para afinarmos os termos finais do acordo", diz Ricardo da Silva, revelando que ontem de manhã o próprio secretário de Estado contactou a Anadial a dizer que "não interpretássemos mal o despacho em relação aos acessos vasculares" - um procedimento essencial aos tratamentos de hemodiálise que, ao ser incluído no preço, deixa de ser suportado pelo ministério e passa para a alçada das empresas prestadoras de serviços. Ricardo da Silva avisa que a Anadial não pretende alterar os seus procedimentos e que a partir de Janeiro actuará como até aqui. "Os doentes que chegarem às clínicas para fazer tratamento têm de vir com os acessos vasculares, porque nós não demos o nosso acordo ao despacho." Já José Guilharde concorda com os termos do despacho do secretário de Estado da Saúde e afirma mesmo que da sua aplicação "não haverá impacto negativo para os doentes". O facto de os acessos vasculares estarem incluídos no preço compreensivo "pode, até, melhorar os cuidados prestados", diz. Mas prevê "alguma reacção negativa por parte dos centros privados. E remata: "Num ano de crise é compreensível o esforço que lhes é pedido. As novas medidas não colocam em causa a sobrevivência das empresas." Portugal é um dos países europeus com maior taxa de doentes com insuficiência renal. Estima-se que dez por cento da população sofre de doença renal crónica e mais de 16 mil doentes vivem com a forma mais grave da doença.
Por Margarida Gomes
jornal.publico.pt/noticia/28-12-2010/centros-privados-de-hemodialise-zangados-com-governo-20912201.htm

Apenas 5% dos doentes com insuficiência renal crónica fazem tratamento domiciliário

Em Portugal, cerca de 10 mil doentes padecem de insuficiência renal crónica e são tratados com diálise. Menos de 5% fazem tratamento domiciliário. Contudo, existem dados a suportar que esse seria um melhor tratamento, com melhor perfil de custo-eficácia.
A diálise peritoneal é um método domiciliário por excelência. No entanto, poucos doentes a conhecem ou a ela têm acesso. Poucos clínicos a prescrevem. Importa, por isso, discutir a sua subutilização.
O crescimento anual de doentes suportados com diálise crónica obrigará a optimizar a gestão clínica e económica deste sector. Qual é a perspectiva dos clínicos? Qual é a perspectiva dos doentes? O que falta fazer para cumprir melhor o direito dos doentes a um tratamento individualizado?
Para abordar estas questões, surge o livro “Diálise Peritoneal – Uma diálise feita em casa: para quando a opção?”, da autoria da Professora Anabela Rodrigues.
Este livro destina-se a médicos, enfermeiros e clínicos que lidam com doentes que padecem de insuficiência renal crónica e pretende ser veículo de sensibilização e formação na área de diálise peritoneal.
Em linguagem assertiva, suportada cientificamente, o livro abre caminho ao debate, desconstrói mitos e conceitos erróneos, abordando o que a diálise peritoneal oferece no painel das terapêuticas actuais da doença renal crónica.
O pré-lançamento do livro “Diálise Peritoneal – Uma diálise feita em casa: para quando a opção?” realiza-se dia 9 de Dezembro, pelas 18:00, na Livraria LeYa na Buchholz, Rua Duque de Palmela, 4, Lisboa e será apresentado por Maria Elisa Domingues.


Sobre a autora


Anabela Rodrigues – Nefrologista com o grau de consultora e Responsável pelo programa de Diálise Peritoneal – Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António. Professora na Faculdade de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (Porto). Doutorou-se em Ciências Médicas, na área de Diálise Peritoneal. Integrou o Comité Europeu para a elaboração de recomendações de boas práticas clínicas em Diálise Peritoneal e o Conselho da Sociedade Internacional de Diálise Peritoneal

www.rcmpharma.com/news/10988/51/Apenas-5-dos-doentes-com-insuficiencia-renal-cronica-fazem-tratamento-domiciliario.html