A coordenadora nacional das unidades de colheita de órgãos lamentou hoje o atraso na execução do programa de colheita em coração parado, afirmando que seria um “passo de gigante” para reduzir as listas de espera para transplante.
Maria João Aguiar, que falava à agência Lusa a propósito da criação do Programa Nacional de Doação Renal Cruzada (PNDRC), publicada hoje em Diário da Republica, adiantou que a colheita em coração parado iria possibilitar utilizar um novo número de dadores.
“É um passo muito mais importante [do que o PNDRC] e que nós ansiamos. Eu espero há anos que neste país seja possível fazer o dador em coração parado, que já se faz na Europa há muitos anos”, disse a responsável.
Para o programa avançar é necessário que “a Ordem dos Médicos consiga chegar a um acordo na declaração de morte por paragem cardíaca irreversível em tempo que permita às equipas de transplante utilizar esses órgãos, como já se utilizam em toda a Europa”, justificou.
“Será um grande repto ao Serviço Nacional de Saúde para conseguir captar esses órgãos” de dadores cadáveres, que seriam utilizados, principalmente, para transplante de rim, fígado e pulmão, sustentou a responsável da Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST).
Sobre o Programa Nacional de Doação Renal Cruzada, a coordenadora nacional das unidades de colheita de órgãos afirmou que é “mais um passo para ajudar a resolver o problema das listas de espera nos transplantes renais” e “um grande passo no sentido da qualidade e da humanização”.
“Eu acho que é obrigatório responder aos doentes em lista de espera com todas as hipóteses de lhes oferecer um órgão”, frisou.
“Temos trabalhado muito em doação de cadáver, já estamos num lugar muito importante no mundo (segundo lugar) e temos, este ano, continuado a crescer, ao contrário da tendência europeia que é de queda de doação”, adiantou.
Mas, acrescentou, “também na doação viva era preciso dar resposta aos doentes, que têm alguém que lhes quer dar um rim, mas que por razões de incompatibilidade não pode ser feito esse transplante”.
“O programa vai permitir cruzar pares de dadores/recetores que não são compatíveis entre eles com outro pares”, disse Maria João Aguiar, acrescentando que o “primeiro programa de cruza” deverá acontecer em dezembro ou janeiro próximos.
Em 2009 realizaram-se 595 transplantes, que se traduziram num aumento de 13 por cento da actividade relativamente em 2008.
Pelo segundo ano consecutivo obteve-se uma diminuição significativa do número de doentes inscritos em lista de espera, menos 6,8 por cento relativamente ao ano anterior (2265 doentes em lista de espera ativa em 2008 e 2111 doentes em 2009).
por Marta F. Reis com Agência Lusa , Publicado em 23 de Agosto de 2010
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